2 de novembro de 2011

corpos que findam


E se a morte não fosse um vale de lágrimas?

E se o luto fosse sinônimo de festa?

Seríamos considerados loucos pela moral cristã-ocidental ou apenas diferentes, como os hermanos mexicanos?

Mas talvez pior que lamentar a perda dos que morrem, que é um sentimento sublime de seres que amam, é viver acreditando que "dentro de nós vive um ser".

Como assim? Se isso procede: quem sou eu? quem é o "ser"? e o corpo, é apenas um recipiente, uma casa, uma prisão? Que bobajada é essa?

Admiro o respeito com que os corpos mortos são tratados na cultura, fé, tradição em que fui educado. Mesmo que seja algo pesaroso, pois também é amoroso. E o pretinho básico até que cai bem.

Os corpos vivos também merecem o mesmo amor, pois corpo é o que somos. Se consideramos o corpo como uma coisa, não como a pessoa, então toda injustiça, violência e preconceito investidos contra ele são justificáveis. Afinal é uma coisa, não uma pessoa. É mesmo?

Não temos corpo como se tem uma casa, uma roupa, um copo. Somos corpos inseridos na cadeia evolutiva da vida. Até podemos imaginar um depois, mas demarcar espaços transcendentais, outras vidas, ou, que dentro de nós habita um ser soa quase como uma tragada além da conta no cachimbo da paz.

Embora seja triste assumir, morrer faz parte do ciclo da vida. Somos corpos que nascem, crescem, se reproduzem (ou não), amam, odeiam, erram, acertam e morrem. Somos corpos que findam e que deixam rastos no mundo, marcas em outros corpos.



Imagem capturada aqui.

Nenhum comentário:

Postar um comentário