16 de julho de 2012
Algo perdido por entre a ausência
Meus escritos pertencem a proprietários distintos, os poucos e estimados leitores que com eles tomam contato e o número considerável de sentimentos, imagens e vivências que tomam conta do meu cotidiano. Se nem sempre eles agradam, deem um desconto, contentar todos esses gregos e goianos não é o intento.
Hoje, após despedir-me de minha família que seguiu viagem depois de uma agradável visita, olhei para a casa vazia, um tanto bagunçada e tão silenciosa e pensei: Pronto, a solidão já pode voltar e tomar acento. Juntando os colchões lembrei que sempre amanhece, que a gente acorda, que o passeio termina, que a fome virá outras vezes.
Cada um a seu modo, deixou sorrisos, olhares, silêncios. Cada um se foi e se deixou em algo perdido por entre a ausência. Nessas ausências eu conto escritos e ditos, de mim para você, para quem tomar parte disso.
Se pelo menos as contagens e os contos forjados na ausência tocassem personagens reais a quem insisto agradar, eu tiraria boas lições dessas histórias com "e". Penso naquilo que um personagem disse poder me oferecer e sinto que, contrito, recebo essa oblação.
Tantas vezes ouvi que de "cavalo dado não se olha os dentes". Então, mesmo não se tratando de um unicórnio ou de um Pégasus, reúno os ternos apetrechos que emanam disso e sigo, ora como uma Moira cortando fios, ora como um senhor que gosta de tricotar e tecer sonhos de mentira, ilusões generosas, devaneios delicados.
Entre parentes e personagens, coisas tão simplórias e meio intensas que nem sei se vale a pena dizer. Coisas que conto só aqui e que tem até trilha sonora, nacional e internacional. Coisas assim, que me fazem tocar personagens, mesmo que só se trate de mais uma cena imaginária.
Foto: Jéssica Berté
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... sempre fica o movimento do ar, findo o gesto; um perfume indefinido, uma certa mistura de odores... ausência...
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