25 de julho de 2012

Voto de castidade


Se ouvir minha trilha sonora
Saberá que o que me constitui também me representa
Saberá minha versão, tom e nota de agora
Saberá dos sentidos que oculto e daqueles que publico.

Se você se aproximar de mim
Sentirá os calores que emano e os frios que guardo
Notará os desejos que mostro e os gozos que retenho
Perceberá os perfumes de uma alquimia erótica
Que molha, sua e enxuga ao franzir da testa.

Se você provar de minha comida
Degustará do meu sabor
Que (trans)pira no tempero e no carinho
(Con)fundindo-se para alimentar suas narinas
E tudo o mais que habita seu peito e sua pélvis.

Se me tocar com as mãos
Do modo como me toca com os olhos
Verá que não tenho (pre)tensões
Nem 1ª, 2ª ou o 5º dos infernos das intensões
Apenas verá minha libido ativar
E qual larva em erupção
Transformar em rocha dura
Tudo o que tocar.

Se me deixar tocar em suas dores
Sejam elas lombares ou cervicais
Massagearei seu id e seu ego
Levando ambos a uma incestuosa provocação
Em acalanto de dedos, palma e punhos
Desatarei arrepios em sua pele
Deixarei em riste suas pontas
E em risco seus pelos e arestas.

Se suspeitar dessa (in)sanidade
Verá que só sonho acordado
Mais que surdo, mudo, calado
Deitado e remoto
Sem controle para esse pensar
Que por direito já me serve
E me sacia com imagens
Ao tecer, sozinho, luas na madrugada.

Foto de Odailso Berté.

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