1 de outubro de 2009

Um Café filosófico - Um intervalo cênico - Uma Primavera visceral

A passagem do Tanztheater Wuppertal por São Paulo, apresentando os mesmos espetáculos da vinda em 1980, expressou o vigor ainda vivo da Diva da Dança, que se foi, Pina Bausch.
Café Müller é uma filosodança, uma filosofia no corpo, sem legendas deterministas, apenas corpos/pessoas (re)vivendo relações desencontradas, filosofazendo-nos refletir acerca dos nossos próprios desejos, intenções, estupidez, afeto e abandono. Esta era a peça em que Pina dançava... O (m)eu corpo não separa emoçãorazão ao falar disso. Pina é a mulher que aprendi a amar de longe, pelas fotos, pelos livros, pelos filmes, pelos espetáculos. A dançarina substituiu-a muito bem, mas foi ela que imaginei ali no palco. Alta, esguia, singela, forte e doce, arremessando-me suas vivências naqueles gestos, naquele inesquecível movimento de braços, deslizando fluidamente, desenhando histórias. No final, é esta personagem cega que fica sozinha, batendo-se nas cadeiras e mesas, sem ninguém para abrir-lhe caminho. Apenas herdando dos outros personagens uma peruca, uma casaco e um par sapatos... Era Pina que desaparecia solitária no escuro do seu Café... Enchendo-nos de sentimentos e razões únicas, eternas.
O intervalo deu-se de cortinas abertas, deflagrando cenas impressionantes da montagem do cenário para o próximo espetáculo. Cotidiano e arte se (con)fundiam no palco. A disposição dos utensílios e a maneira como se moviam aqueles corpos (técnicos e assessores de palco) davam-me a impressão não de intervalo, mas de seqüência da arte que se mistura com a vida, ou, que leva a vida para o palco não importando ‘como os corpos se movem, mas o que move os corpos’, conforme a filosofia da mestra Pina Bausch.
Sagração da Primavera, apresentada, coincidentemente, nos dias em que chegava a estação da primavera, 22/09. Uma dança de tensões – flexões – (re)flexões. Uma dança (con)sagrada pela fertilidade dos corpos, pela efervescência com que se movem, pela paixão quente com que pensam no movimento que executam. Tantas relações emaranhadas na intencionalidade daqueles movimentos, possíveis relações de gênero, onde os corpos femininos são coagidos pelo severo olhar masculino. O palco coberto de terra alude a relações férteis, fortes, convulsivas. Os corpos dos dançarinos suados em contato com a terra escura, se metamorfoseavam na cor, na expressão e no movimento, como se a própria (T)terra gemesse em dores de parto. Na última cena, apesar dos olhares tensos dos demais dançarinos (e também do público), uma mulher dança até morrer. Deixando-me a sensação de que a dança, a vida, a Pina... seguem registradas em nossos corpos. Uma sensação de que temos o poder de continuar...

2 de setembro de 2009

(d)EFICIENTES

Dança para deficientes?
Não. Para diferentes. Porque aquilo no que eles diferem, falta para ‘os normais’.
E eles dançam. De modo que, o movimento que aparece em seus corpos, não é um intervalo defeituoso entre a dança que eles tentam fazer e a dança que eles deveriam atingir, é dança mesmo. Pois dançar deriva da capacidade de se mover, que todos temos, mesmo quando estamos parados. Já pensou nisso?
Para entender isso, dispa-se dos modelos de danças prontas, aquelas que precisam ser repetidas tal e qual, tipo aquela criada para expressar os caprichos da corte do Rei Sol. Pense numa dança inédita, de agora, contemporânea. Pense na dança. Uma dança que não te dá gestos prontos. Mas te faz pensar: que gestos são esses?
Essa dança, os diferentes fazem, sem os entraves/preconceitos/receios dos ‘normais’.
Portanto, não aplauda por compadecimento, mas por pensamento... Se suas vias pensantes não estiverem deficientes... Se bater a emoção, que não seja por dó, mas por reflexão.
Corpos diferentes também pensam, também dançam, também tem seus dançamentos. Não subestime o que não conhece direito.
Sim, eles dançam. Com eficiência.

1 de setembro de 2009

Esvadiando um pouco

Quando um certo vazio preenche nossos espaços, é alguma coisa que está ali, ou é a ausência dessa tal coisa que está ali? Quem ou o quê ocupa o lugar vazio?
Lorelai não me respondeu. Pergunta difícil.
Mas nem é pergunta, é algo que me ocorreu.
Ah, você se sente vazio hoje? Ou vazio, ou cheio demais.
Pode ser o clima interferindo no metabolismo. Podem ser tantas coisas, as que me dou conta, as que não percebo, as que agem independente de minha consciência. Pode ser que eu nem queira dizer isso.
O que me importa dessa vez é fazer algo fora do comum. Semelhante ao tom rosado das rosas empalidecendo as pétalas caídas. Ou fazer algo bem dentro do comum... Tipo dois homens se beijando publicamente sem ninguém pra se importar e nem fazer piada.
Tirar-me do sol por alguns dias, pois seu incômodo demasia a fraca performance dos meus atos, fico sentindo mais por dentro.
Junto disso, penso que pipoqueiros de cinema fazem cultura também, desde que não lhes tirem das pipocas. Sem elas eles não se encontram direito, ficam se achando.
O vazio e o calor dizem coisas entrecortadas. Pode ser que eu não entenda.
Pelo menos dançar me livra de certas mazelas hipotéticas. Mexe e varre picuinhas que tendem grudar nos tendões.

23 de agosto de 2009

Filosodançando in 'Hush hush hush'

Uma simples música pop, de garotas conceitualmente meio suspeitas, toca e esclarece. Palavras simples, já ouvidas, mas que nesse dado momento tomam sentido concreto, me afirmam, digo de boca cheia. “Hush hush”, um silêncio dançante que me faz pensar/dançar no que fiz, no que sou, no que deixei fazerem comigo, no que devo deixar pra trás, como quero estar, no que desejo alcançar. Questões filosóficas...
Valorizo cada mínima coisa que vivi, que aprendi, que recebi, que fiz. E sei que tudo isso constitui parte de mim. Mas, tentando sentir a vida mais em mim, mais perto do osso, na carne, no (m)eu corpo, ser um homem forte não depende disso. Preciso de crítica. Mas quem precisa de algo(ém) marcando erros, pressionando, controlando, julgando, corrigindo, questionando gastos? Não quero mais!
Discursos agora não cabem, não diga nada. Silêncio. Hush!
Foi bom enquanto durou, já me disseram demais o que fazer.
Sinto por deixar, por tudo o que eu quis e não deixaram. Meu amor foi tanto, deveriam saber. Mas, meu lugar não é mais aqui, não quero mais conduzir as coisas assim.
Meus olhos doem, minhas mãos tremem, é visceralmente difícil desacreditar do que um dia foi meu projeto.
A princípio tive medo, achando que não viveria sem depender. Mas refleti e me fortaleci para seguir em frente. Enquanto souber amar estarei vivo. Tenho muita vida pela frente e muito amor para dar. Pode ser difícil, mas eu sobreviverei.
Hush! Ouça, eu fico com a palavra final:
Dignidade não se vende. Não vou estacionar.

(Foto de Luana Brant - 'Jogo Coreográfico' Goiânia 2008)

19 de agosto de 2009

Alices Pinóquios e a Terra do Nunca

Abrindo caminho entre as histórias que me fizeram crescer, para contar outra história, ando eu. Quero contar a história de um lugar que passa a ser nosso outro mundo, quando ainda crianças entramos nele. A escola. Lembro dos sete anos de idade, quando fui matriculado. Era tão cheia de expectativa a sensação de saber que em breve, passaria a metade de cada dia, noutro lugar, com outras pessoas, fazendo outras coisas.
A Alice, em seu país de maravilhas, muita coisa tem a dizer sobre isso. Sua viagem ao mundo (in)esperado, povoado das fantasias que povoavam sua imaginação, a tornou, não uma outra pessoa, mas a mesma pessoa com lúdicas diferenças. Será que a escola é um tanto assim?
Teria a escola algum traço da Fada Azul a quem o Pinóquio tão bem queria? Somos bonecos a quem a escola transforma em meninos? Ou somos meninos a quem a escola transforma em bonecos? Depende... Da escola... Dos princípios pedagógicos... Dos educadores... E dos educandos. Que tipo de Pinóquio a escola me tornou? Que tipo de Pinóquio eu me tornei?
Será que a escola seria portadora da esperança do Peter Pan para nos fazer acreditar numa possível Terra do Nunca, ou, num outro mundo possível? Talvez por aí esteja o papel a ser interpretado pela escola protagonista de um próximo espetáculo. Escola que nos ajuda a construir relações no mundo. Nós, Alices e Pinóquios, despertos para a Terra do Nunca. Nós, não a-lunos = sem luz para sempre num jardim de infantilidade. Nós, vaga-lumes no jardim.

17 de agosto de 2009

Os óculos e a paixão da Lorelai

Lorelai tem um óculos, um modo de ver as coisas, um ponto de vista feminino que me impressiona. Outro dia peguei ela ‘falling in love’. Ugo, ou melhor, Uguinho é o felizardo.
Lorelai não é de contar as intimidades logo na segunda conversa, mas entre nós, o fato de ter se encontrado há pouco tempo é um detalhe. Parece que nos conhecemos há muito tempo, coisa assim, de outras vidas... (A lôka!).
Mas Lô, como você conheceu o tal Uguinho?
Ele também é aluno do meu professor de judô, só que em outra academia (que azar...). E por coincidência, ele é o dono da casa que meu professor alugou, então a gente acaba sempre se cruzando. Sabe como é, invento uma desculpa pra visitar o ‘profe’ (inquilino) pra ver se enxergo o dono da casa. E sempre dá certo.
Mas e aí, como é? Já saíram...? E...?
E o quê? Calma... Sou cautelosa. Ele tentou me ‘passar a conversa’ na primeira conversa. Acredita?
Como assim?
Me disse que tinha 22 anos. Meu professor disse que ele tem 19. Perguntei pessoalmente, e ele jurou que tem 21.
Ihhh, já começou assim? Mentir a idade é dose, Rê.
É, mas, já superei. Pois, tem algo naquela carinha de abacaxi que me encanta. Um jeito de guri travesso, avoado, um semi-projeto de homem bem-sucedido que pode crescer e dar algo que preste.
Bom, se você está tão esperançosa, investe e vê no que dá.
Eu não nasci da costela de Adão. Nada como dar tempo e conhecer a pessoa. Não só os homens, mas cada pessoa merece um voto de confiança, para que diga a que veio. E com isso, construímos os sentimentos, as empatias, as apatias ou as simpatias. Acho que apaixonar-se, além do frio na barriga, é aquela sensação em que você se torna ‘fã’ da pessoa. É a ocasião do ‘palco’, para que o ‘ídolo’ apresente o seu talento. Daí, dependendo se ele é próximo ou distante do (s)eu público, aplaudimos em pé, pedimos autógrafo, apaludimos sentados, vaiamos, ou, damos um ihhh fora!
Uau Lái, seu óculos feminino mexe com a visão da gente. Quem me dera ver através deles...
Um dia desses te empresto...

Bate aqui colega: Óclinhos!!!
Agora tenho que ir. Nos vemos quando?
Quando a saudade bater.
Então será bem logo.

16 de agosto de 2009

OS 'EUTROS'

Certas coisas, de tão mortas, nem conseguem cair.
O limite daquilo que nos permite ser e estar no lugar do outro pode estar bem limitado na sua posição. Alteridade, ou, outreidade, podem ser temas inexistentes no almanaque intelectual de alguns ‘eutros’.

Seria possível... Eu fantasma de mim?
‘Os Outros’, cinematograficamente, me inquietaram a ponto de perceber o cúmulo do não se tocar, do não se dar conta, do não me enxergar.
Listando os terrores que incorporamos sem perceber:
O medo que faz trancar uma porta antes de abrir qualquer outra;
A neura de castigar quem diz o que ouço, mas que não quero ouvir;
Os verbos agradar e agredir incorporados pela mesma mão;
O apego aos espaços onde me sinto tão grande que obrigo o outro a sair;
A cisma de não permitir a claridade ao outro deixando-o sempre a-luno = sem luz, para continuar forçando-o a ver os azuis do meu céu, a sentir o fogo do meu inferno, a suportar a inquisição do meu purgatório, a brincar de boneca assassina no meu limbo.
‘Os Outros’ tocaram meus outros ‘eus’ sem nenhum terror.

Me mostram que minhas trevas podem aparecer à luz do dia.
E que por várias vezes, eu posso ser o outro que me assusta.

Imagem do Espetáculo ‘Som e Luz em Corpos’
Ruínas de São Miguel das Missões/RS
Cia. Sarx de Teatro-dança 2006

Confissões numa pista de dança

Pedi licença pra você
E se abriu um mundo inteiro pra mim
O mundo do qual você se esconde
O mundano, como você diz.
Bem dita ânsia
Nossa distância
Está entre
O que eu quero
E
O que você deixa.
Deixei você.
O amor não é desdeixado
Quando ele toca eu sinto
Sem me abaixar, já levanta
Eu quero, ele dá a deixa
E deixo que ele a queira
Sem querer e sem deixar
Também pode ser.
Não tenha piedade
Nem saudade
Não quero teu paraíso
Sem corporeidade.
Vejo com pouco mais
Clareza, beleza, amor
Coisas que você me disse
Mas não me mostrou,
Agora faço, escrevo
Desenho, danço e gozo.
… On and on, on the beat goes …

15 de agosto de 2009

A L M A G E M E A L G E M A

Almagemea
A l g e m a
Gêmea gesta junto
Irmã não casa
E coração sente
O que olhos veem.
Como diz Adélia, (a Prado)
‘Sou bicho de corpo’
Vendo creio mais.
Preciso dos 5sentidos
Encosto nos 7pecados
E nos 3mosqueteiros,
Brinco de 7anões
Me (in)visto de 3marias.
Li os 10mandamentos
(Ali)babando pêlos lisos 40ladrões
(Agra)desço o nível nas 1001noites
(Li)Berte(i) os 7demônios da Ma e da Lena
Não sei se fal(h)ei com os 12apóstolos
E dormi com D. Flor e seus 2maridos
Ou vi os 2filhos de Francisco.
Não me guio pelos 4puntos cardeais do (vati)canon
Porque venero o corpo de XTO
Para ver crer – tocar amar,
Corpo é o que há.
Se for possível
Peço com as palavras da Zélia (a Duncan):
‘Deixa eu ver tua alma,
Tocar a epiderme da alma
Com a superfície da palma?
Abra a sua cápsulalma!’
Almagemea
A l g e m a
Imagem do Espetáculo ‘Som e Luz em Corpos’
Ruínas de São Miguel das Missões/RS
Cia. Sarx de Teatro-dança 2006

13 de agosto de 2009

Conheci a LORELAI

Conheci a Lorelai, amiga da Raquel
Aquela que foi criada pela Lígia. (a Bojunga).
Enfim, gostei dela. Guria legal,
Muito maravilhosa mesmo.
Toda descolada, fala o que pensa
E gosta de ouvir o que os outros pensam.
Uma menina bem dinâmica, até no nome.
Disse que posso chamá-la de:
Lô, Rê, ou Lái. Bacana isso.
Penso que seremos bons amigos.
Falamos de tantas coisas.
A gripe suína, por exemplo,
Que porcaria isso, né Lorelai?
Nem me fale. Gripe e porco são coisas
Que nunca me assustaram,
Mas a junção das duas é aterrorizante!
É uma doença/bicho que põe em cena dois verbos:

O morrer e o vender.
O primeiro é coisa pra filme, tipo, 'O Chamado 3',
Com 'óink, óink ' no telefone e cara de porco na foto.
Imagina uma leitoa de cabelos longos
Saindo do poço de lama... Sucesso de bilheteria.
Nem Stephen king pensou nisso.
O segundo verbo, não menos rentável,
As farmácias nunca lucraram tanto
Com anti-gripais, máscaras e vitamina C.
Eu mesmo, nunca gastei nisso como agora.
Até um lucrinho para os hortigrangeiros

Está dando: Alho! Tenho comido tanto
Que V(amp)ÍRUS nenhum chega perto. (rsrsrs...)
E você, o quê tem feito?
Ah, tenho me dedicado a escrever,
O exercício está divertido. É um desafio produzir.
Escrevo a partir do que vivo.
Faz rever o vivido, ou,
Estar mais atento quando ele acontece.
Lendo algo novo?
Sim. Lakoff e Johnson. Uma super interpelação
Para o pensamento ocidental.
Essa filosofia que dividiu a gente em dois
E tem justificado tantas atrocidades.
Fico lendo, me arrepiando, pensando,
Me emocionando, me raciocinando.
Sentindo despertar uma filosofia na carne.
Percebendo as coisas de outra forma,
Da sua forma original, mais simples.
Que evolução, hém?
A própria.
Então tá, foi ótimo conversar contigo.
Nos falamos de novo?
Certamente.

12 de agosto de 2009

AMIGA BAIXA RIA!!!

Elas leem os (com)textos, são cobras que cobram outros e sempre comen(tam). Ótimas parceiras, amigas, ligeiras. Se não d(oi) no msn, é falatório na certa.
Falo de mulheres que, por vezes, (r)odeiam. Não extra(nhas) nem tacanhas, mulheres apenas. E já está de bom tamanho. Não da costela minha ou de qualquer outro Odão, m
as por seu próprio corpo. Daquelas que dão chave no chuveiro e trazem chuva pro chaveiro. De tomar banho sem tomar água, que mandam tomar no c(.) e não tomar remédio. Nada mal... Mas não se afoga...
Mas vamos nos alegrar que a idéia é essa, como disse nossa insana amiga, Xana. Falar de mulheres é simples e não tanto, pois não tolero os bobos clichês: homens fazem sexo, mulheres fazem amor. Blá – blá – blá...!!! Auto-ajuda? Sim, pra quem escreveu, e ajuda pra quem acha que precisa disso, como disse nossa outra amiga insana,
Carlota Joaquina.
Queridas, vocês fazem sexo, tanto quanto nós fazemos amor e vice-versa. E se não fazem, estão perdendo tempo. Meninas, a bula papal que ainda prescreve a
sua submissão, já venceu a validade, morreu e esqueceu de cair, só isso. Por favor, não sigamos perpetuando as asneiras que aqueles titios inventaram.
Culpa? Quem falou em culpa? Gurias, o que eles disseram da Eva e da Madalena, é tudo mentira, e
da Maria também não é bem assim.
Vamos combinar uma coisa? Chega desse ar de santa mijada.
Engraçadinha, todos podem ser cheios de graça, todas cheias de graça. Amém gente?!
Amiga, não precisa agradecer, não tem por onde... Quer dizer, tem sim, temos nossos lugares: meu, minha, teu, tua, nosso, nossa. Ocupemos.

Amiga ria! Gorda ria! Magra ria! Alta ria! Baixa ria!
Se (chora)ria, sem ver(gonha) do que (se)ria!

11 de agosto de 2009

Dança mais perto do osso, na carne


“(...) uma filosofia mais perto do osso (...),
Uma filosofia na carne.
Uma perspectiva filosófica baseada
No nosso entendimento empírico
Da mente corporificada.
O significado é fundado em
E através dos nossos corpos.
Para fazer questões filosóficas, nós usamos
Uma razão formada pelo corpo.
Não há uma tal faculdade de razão autônoma,
Plena, separada e independente
Das capacidades corporais
Como a percepção e o movimento.
A natureza peculiar dos nossos corpos
Formam as nossas muitas possibilidades
Para a conceitualização e para a categorização.”
(Lakoff e Johnson).
É por esses e outros motivos/estudos/entendimentos
Que venho entendendo a dança
Como uma forma de pensar
E de fazer filosofia no/com o corpo.
Venho querendo fazer/pensar dança perguntando.
Uma dança que produza novas perguntas,
Estimule a quem a assiste a pensar sobre ela
E sobre os seus próprios atos/movimentos/experiências.
Dança, um pensamento do corpo
Que faz outros corpos pensarem também.
Bem como mostrou Pina, bem como disse Helena
(a Bausch e a Katz).
Por uma dança mais perto do osso,
Da carne, do corpo, da pessoa, do cotidiano.
Menos estilizada, menos etérea, menos virtuosa.
Por uma filosodança.
(Mo)vendo-me no meio disso, estou.

Imagem do Espetáculo ‘O corpo é o que você gosta’
Cia. Sarx de Teatro-dança 2008

6 de agosto de 2009

VOU A MARTE...

Hoje me dei vontade
De não dizer amor
Não chamar amor
Pra não gastar o tom
Da voz e das cores
Pra não vaiar as (m)atrizes
Pra não tremer as mar(quises)
Pra não borrar os ma(tizes)
Todo mundo
Quer amor
Canta amor
Faz amor
Diz amor
Solidificando meu amor pelo amor, digo
(dois pontos, parágrafo, travessão):
- Amor, hoje não quer(o) ‘diz(er)’ amor!

HOMENS EXTRA(NHOS)

Existem vários homens estranhos no mundo.
Eu sou um deles, quem sabe você também.
Estranho com um tom de ‘extra’,

De raro, ou esquisito mesmo.
Esquisito no português,

Não no espanhol, vale lembrar.
Alguns com olhares que invadem, perseguem.
Aquele que empresta o cartão de crédito.
Outros com afazeres enfadonhos.
Certos, adoram fantasiar o peixe

Pra vendê-lo bem mais caro.
Há aqueles que prometem instalar o material

Na tua casa, sem segundas intenções.
Pois a intenção é única, aquela mesmo.
Uns prometem passar o orçamento

Em seguida. Só prometem.
Uns fulanos, ficam furiosos por que não conseguiram o visto
Pra ir para o exterior com a esposa,
Mas acham a oportunidade ótima

Pra seguir aproveitando
A ausência da simpática ausente.
Existem uns que vem de terras sagradas
E que seguem repetindo os mesmos discursos,
Crentes de que é possível ser feliz

Existindo pela metade.
Lembro daquele, ciumento, machista,
Que não deixava nem a namorada

Conversar com o professor
E que surpreendentemente,

Surpreendo vivendo com outro homem.
Com esse outro homem, leva, por tempos,

Vida de rei,(ou melhor, de bófe do rei),
E de um dia pro outro, volta a andar de bicicletinha velha.
E tem aquele, que segura o bom humor

Sempre muito bem,
Mas tem uma hora que ele nem responde direito,
Jura que consegue fazer bem

Duas coisas ao mesmo tempo (é de gêmeos)
E, no entanto, consegue fazer

Uma terceira por acréscimo:
Chatear aquele outro pra quem não respondeu.
Também há outros que reservam tempo,

Como se percebe,
Pra escrever sobre isso. Tipos masculinos.
Eu sou um desses, quem sabe você também.

5 de agosto de 2009

MADONNA's LADAINHA

Celebração evoca Ladainha
Madonna = Nossa Senhora
Quem é esta que avança como outrora?
Brilhante como o sol, a lua e os holofotes
Como uma virgem, seu palco é as alturas
Os corações gelados faz incendiar
Pois põe as mãos sobre todo o corpo
Da humana natureza
Seu santuário – uma loja de doces
Vida, doçura e esperança nossa, salve!
A vós bradamos, os degredados filhos de Eva
Gemendo e dançando neste vale de dádivas
Profusão de amor proibido
Ave, bicho, mulher cheia de graça
Bendita e maldita... Erótica!
Que arrepia e põe em transe
Evita que os males cheguem
Agora e na hora H
Imaculada possessão
Tua voz sempre em voga
Como uma oração
Aumenta a batida do coração
Faz pular e querer outro dia para morrer
De tanto celebrar
Sem hesitação – Com excitação!
Óh grudenta
Óh impiedosa
Óh doce e sempre
Virgem Madonnamia

4 de agosto de 2009

AMOR A 4ESTADOS


Sólido, líquido, gasoso e assim.
Será que a lua de lá é a mesma de cá?
Dissolve o devasso de mim
E permeia o sexo que dá
‘Divinamente nua, a lua’
‘Cheia, meia, displicente’
Uso os adjetivos da tua
Meiga música corrente
Diferente é o que sobra
Só um pau pra essa obra
O visual lunar
Pode ser o ponto cardeal em comum
Pra distância encurtar
Agora fico ‘tendo a lua
A gravidade onde o homem flutua
Que merecia a visita de bailarinos
E de você e eu’

(citações de Orlando Morais, Fábio Jr. e Paralamas)

MIGUEL BOSÉ

Miguel Bosé: Um Divo! Um Papito!
Corporeidade masculina livre
Gestos que deslisam
Visual que dança
Metáforas musicais de coisas simples
Coisas encantadoras
Um Fazer por Fazer
Só para Desfazer
Só por Desfazer
Nunca Fazer por Fazer
Ouví-lo é ficar
Entre sua espada e minha parede.


Sobre a "Morena mia" de Bosé

Bem, bem, bem...
Todas as cores de Bosé
De 01 a 10:
Música que toca e provoca
Morde e destroça
Toda e sempre pouca
Move-se bem
Mata e remata
Leva para o inferno
Por que não é eterno?
Suave e bem
“Nadie como tú me sabe hacer café”
Uhhh... café!
Que Deus desça e veja:
Isso é glória!

3 de agosto de 2009

(HU)MANOS (L)IMITES

Corpo (m)eu que ganha quando perde
Tácita ironia
Dispor das forças para acionar os desacertos
Os ganhos agora longínquos
Os (ma)ternais e os (pré)feridos
Os (a)festivos e os (a)cadê/micos
Dizem e os ouço
Límpida imagem tenho deles
Imagem é o que tenho
Leve miragem
Oásis constante
De vida errante
Micros instantes
De ter sem ter
De poder ser
De querer ver
No quem sabe acon(tecer)
Pensa o corpo m(eu)

(Foto feita do desenho de Wolney Fernandes)

2 de agosto de 2009

POCAHONTAS


A indiazinha da Disney? Não só.
Ela nasceu por volta de 1595
No Estado da Virgínia/USA.
Pocahontas = pequena travessa, aventureira,
Era o apelido de Matowaka.
Diz-se
que foi amiga de John Smith,
Casou-se com John Rolfe,
Morou na Inglaterra e foi batizada de Rebecca.
Tornou-se célebre por seu espírito livre
E por ter intermediado conflitos entre os
Colonizadores
ingleses e os Nativos de sua tribo.
A conheci pela bela imagem da Walt Disney,
Pocahontas – A Filha do Vento...
Belo par com Sepé Tiarajú das Missões.
Ela ainda me aponta para o valor da diferença
Daqueles/as, donos/as desta terra,
Que meus
antepassados brancos dizimaram.
Pocahontas, nativa mulher
Mediadora de diferenças.
Entoa o hino de que somos só uma
Das tantas
cores do ciclo da vida.
Selvagem? Quem cuida? Quem invade?
Essa Índia ainda me ajuda a ouvir
Os ecos calados na história...
Os ecos
do meio ambiente.

Montagem sobre a imagem capturada em
www.wallpaperhd.net/.../Pocahontas_00002.jpg

Tema: COLORS OF THE WIND

Tema romântico: SE EU NÃO TE ENCONTRASSE

Love theme: IF I NEVER KNEW YOU

FORTE GRUDENTA E DOCE




Peformance de Dança-teatro
alusiva aos tipos femininos e
a "Lo que siente la mujer".
Cia. Sarx de Teatro-dança
2009

1 de agosto de 2009

SHE-RA


“A irmãzinha do He-Man?” Não só.
SHE = ela - RA = divindade egípcia,
Minha heroína preferida nos finais de 80 e início de 90.
Bela, forte, inteligente, ágil, terna, sagaz.
Num período em que só ganhavam espaço:
Heróis do gênero masculino
Seus cenários pouco elaborados
E ação = briga, luta sem objetivo claro...
Surge a
Princesa do Poder.
Uma mulher que não era a tola mocinha
Que sempre caía diante do monstro pra ser salva,
Mas um ícone/manifesto da filosofia feminista
Ganhando espaço no imaginário infantil.
She-Ra não vivia num castelo com a corte
(como seu irmão, Adan),
Vivia numa floresta e liderava uma rebelião.
Lutava contra a Horda – ordem estabelecida,
No intuito de defender aqueles/as
Que cultivavam
os valores da natureza
Perante a chegada da era industrial,
Tecnologia usada para oprimir.
Uma ficção, um desenho, fantasia...
Pedaço de imaginação que moldou
Parte dos valores deste que escreve.
Lembrando do Pepeu:
"Ser um homem feminino não fere o meu lado masculino".
Porque relações gênero também é coisa de homem.

Imagem capturada em
http://www.laricatotal.com.br/wp-content/uploads/2008/11/she-ra.jpg

JOINVILLE "A TERRA DO SEMPRE"


Não digo nunca. Meados de julho.
Nada como ir e fazer a experiência
Mas já adianto, fui por causa da Pina.
Inventei uma dança entre ela e o Sr. Freire e deu no que deu.
Me escolheram e fui. Simples assim.
Digo do maior Festival de Dança do mundo,
Conforme o quase sagrado Guiness Book.
Uma feira em torno da dança é montada na cidade das flores.
Tem dança pra vários gostos, em vários pacotes...
Bailarinas com seus coques impecáveis subindo e
Descendo as escadas do Centreventos.
Coques que dispensam os, talvez, futuros botox...
Rostos magros bem repuxados – clássicas, lindas.
Nas noites de amostra, euforia, exigência, escolhas.
Do outro lado do rio, por irônica geografia
O seminário de dança.
Me peguei pensando: quem pensa e quem faz dança?
Os do lado de lá ou os do lado de cá?
Quem transita em ambos os espaços?
Sabemos uns dos outros? Sininho? Wendy? Peter?
Enfim, lá estávamos, de coques e sem coques.
Na “Terra do Sempre”, da dança pra sempre
Sem pré tensões, sempre é possível.

KAHLO NO CORPO




Performance de Dança-teatro
(Re)leitura das cores/dores de
Frida Kahlo
Cia. Sarx de Teatro-dança
2009

ÉCO DAS CORES








Performance Teatral com alunos/as
da Escola de Educação Especial
Raio de Sol - APAE Sto. Ângelo/RS
2009

MOVIMENTO EM NÓS










Coreografia com alunos/as da
Escola de Educação Especial
Raio de Sol - APAE Sto. Ângelo/RS
2009

30 de julho de 2009

Pina ontem hoje e amanhã

Como bem disse a Thereza, Pina introduziu movimento no mundo, movimento feito evento.
As imagens me trouxeram Pina bem antes de poder contemplá-la corporalmente.
Uma dança tipo a vida nossa de cada dia: feinha, cômica, rude, prazerosa, terna, louca, tumultuada, incompreensível, linda, linda, linda... Cheia de sentidos a serem construídos.
Livre e atento absorvi cenas “Para Crianças de Ontém Hoje e Amanhã”, meu único encontro corporal com a Dama da Dança-teatro. Foram duas horas, intervalo e mais uma hora e meia povoadas de situações estupida e estupendamente rotineiras. Vida exposta no palco e chamada de dança. Reflexão, perguntas, dúvidas transpiravam dos corpos, estreitos laços de amizade com a sabedoria.
Pensei: a dança desceu do pedestal? É a inteligência do corpo sendo ouvida/vista? A coreógrafa pirou?
E na sua piração marcou a história da dança. Mostrou ao mundo uma dança pequena, ingênua, que não ganha troféu em festivais, que, de certa forma, envergonha a classicidade do bailado.
Livre dos estereótipos, Pina (gosto de chamá-la sem a formalidade intelectual) filosofez diferença no palco do tempo. Pina se foi, mas seu movimento permanece.
Como ela, ao querer qualquer coisa de muito mais simples que o estilizado, fico com a nostalgia da dança.

Cena do espetáculo "Café Müller".
Imagem capturada em
http://www.jornalinside.com/imagens/downloaded/1317887600.jpg

Corprofusion



Pequeno video-dança criado em Lagolândia/GO.
Profusão entre corpo e ambiente.

Trevas Paixão Luz



Clip-resumo da Trilogia Via-Saga Missioneira
TREVAS PAIXÃO LUZ
Cia. Sarx de Teatro-dança
2009

Jogo Coreográfico


Residência coreográfica em Goiânia.
Curso e amostra.
2008.

O Mito de Tortópolis


Origem da torta na mitologia grega.
Espetáculo de dança-teatro.
Cia. Sarx de Teatro-dança.
Santo Ângelo/RS.
2007.

Fashion Future


Corpo, moda e imagem.
Coreografia.
Adriele Lima, Bruno Oliveira e Odailso Berté.
Santo Ângelo/RS.
2007.

Ângelus



História da cidade de Santo Ângelo Custódio.
Espetáculo de dança-teatro.
Cia. Sarx de Teatro-dança.
Santo Ângelo/RS.
2006-2007-2008.

Som e luz em corpos



Saga jesuítica-guarani.
Intervenção cênica no espetáculo de som e luz das Ruínas de São Miguel.
São Miguel das Missões/RS.
Cia. Sarx de Teatro-dança.
2005-2006-2007-2008.

Você Gosta?!



Relações de Gênero.
Coreografia.
Cia. Sarx de Teatro-dança.
Santo Ângelo/RS.
2006