27 de novembro de 2011
Somewhere only we know
I walked across an empty land
I knew the pathway like the back of my hand
I felt the earth beneath my feet
Sat by the river and it made me complete
Oh! Simple thing where have you gone
I'm getting old and I need something to rely on
So tell me when you're gonna let me in
I'm getting tired and I need somewhere to begin
I came across a fallen tree
I felt the branches of it looking at me
Is this the place, we used to love
Is this the place that I've been dreaming of
Oh! Simple thing where have you gone
I'm getting old and I need something to rely on
So tell me when you're gonna let me in
I'm getting tired and I need somewhere to begin
And If you have a minute why don't we go
Talking about that somewhere only we know?
This could be the end of everything
So why don't we go
Somewhere only we know?
(Somewhere only we know)
Oh! Simple thing where have you gone
I'm getting old and I need something to rely on
So tell me when you gonna let me in
I'm getting tired and I need somewhere to begin
And If you have a minute why don't we go
Talking about that somewhere only we know?
This could be the end of everything
So why don't we go
So why don't we go
This could be the end of everything
So why don't we go
Somewhere only we know?
Somewhere only we know?
Somewhere only we know?
(Somewhere Only We Know - Keane)
20 de novembro de 2011
Sobre ruínas e o que pode o amanhã ser
As nuvens vão escurecendo lentamente. O azul e o cinza vão se misturando na ausência do sol que se despede ao anoitecer. Promessas de noite e chuva tomam espaço e um vento carinhoso beija meu rosto e sussurra que o tempo, em seu rotineiro movimento de "ir passando", deixa ruínas atrás de nós.
Ruínas que podem ser apreciadas por seus traços estéticos, por serem vestígios históricos, por conterem toques e guardarem gestos em segredo misterioso, velado e impingido em cores concretas, amortecidas pelos dias que se sucedem.
Ruínas adornam o sentimento de quem recorda passados, desenha futuros e, apesar dos olhos umedecerem de vez em quando, deseja que sorrisos, falas e beijos contornem os lábios para que esboços de felicidade floresçam entre as pedras.
Ruínas trazem saudade, medo do incessante tic tac, mas também encorajam a vontade de resistir, de manter-se firme apesar da fome cronológica do tempo, esse deus invisível e onipresente que a tudo envelhece.
Ruir, sentir, passar, lembrar, seguir... Verbos que se fazem carne quando pedaços de ontem atravessam o hoje e configuram aquilo que pode o amanhã ser.
Fotos da cidade de Alcântara - Maranhão
11 de novembro de 2011
(a)mar vermelho
Quando música, filme, metáforas e saudade se misturam, acontece algo como se o salgado do mar adornasse meu olfato limpando a orla para brisas frias de inverno que vão e vem num diálogo táctil.
Amor em vermelho, como em Moulin Rouge, que reconfigura canções de tantos ditos em um único enredo, para tecer idas e vindas de um romance impossível. Ou amor que perpassa por outras relações e permance até o leito de morte, por meio de recordações fatídicas que são as únicas provas de um romance profundo, como em Ao Entardecer.
Amor, esse termo absurdo, patético e absorvente, que por vezes parece a saga bíblica do Mar Vermelho, mítico, grandioso, digno de fé. Um impossível a ser atravessado para chegar à terra prometida, uma espécie de paraíso onde corre leite e mel, promessa infinita de felicidade.
Dessas imagens inventadas, permanecem aquelas provocadas por uma canção, The Sea, que fala das marés que me trazem pra casa. Amar de braçadas e ficar sem porto desola qualquer marujo, de primeira, segunda ou centésima viajem. Apesar de tragado, hei de manter a cabeça acima do nível da água, mesmo que o coração siga encharcado e essa contradição dualista invada o texto. Há sentimentos que eu deveria deixar para o mar...
Foto: João Dalla Rosa Jr. e Odailso Berté
9 de novembro de 2011
Como Marilyn
8 de novembro de 2011
Homossexualidade explica criminalidade?
Revista Trip - out/2011
Filme Como Esquecer (2010)
Os homens e mulheres das imagens acima parecem criminosos?
Talvez outros/as, que vivem a mesma situação afetiva, possam ser. Mas, via de regra, uma coisa não quer dizer a outra.
Numa reportagem apresentada em 08/11/2011, Jornal Anhanguera 1ª edição - Goiânia, foi relatado o caso de um segurança preso e acusado de violência sexual contra menores, roubo, porte ilegal de armas e de distintivos oficiais, etc. Junto da barbaridade do crime, um pormenor no discurso da repórter pareceu inquietante. Diante de uma das fotos apreendidas, em que o acusado aparece vestido de mulher, a seguinte frase: "E aqui, nesta outra foto, ele aparece travestido e inclusive ele assume, realmente, ser homossexual e talvez isso até explique um pouco dessa perversão toda." Será???
De forma alguma gostaria de desqualificar o trabalho desta competente rede televisiva que diariamente leva informação para dentro dos lares de Goiânia e região. Apenas, a partir dessa fala, proferida por tantas bocas e em tantos lugares no dia a dia, pensar acerca de certos equívocos, desinformações e preconceitos ainda muito arraigados nas nossas atitudes, falas e posturas em relação aos homens e mulheres homossexuais.
A frase refere-se ao autor desses crimes hediondos, mas a condição afetiva "ser homossexual" diz respeito a tantos outros homens e mulheres que não são criminosos e nem pervertidos. E essa má associação entre uma coisa e outra pode reforçar preconceitos e atos violentos contra esses homens e mulheres.
Homossexualidade não é, em hipótese alguma, explicação para pedofilia, perversão, estupro e demais atrocidades. Dependendo de cada situação, caso, pessoa, pode haver possíveis relações entre tais questões. Da mesma forma e na mesma proporção com que a heterossexualidade pode estar associada a tais questões. É errônea a fala equacional: homossexualidade = pedofilia + estupro... Se fosse verdadeira, então todos os homens e mulheres homossexuais deveriam ser bandidos, estupradores, pedófilos, etc.
Pedofilia, estupro, violência, entre outras atrocidades, são atentados à vida, são crimes que devem ser combatidos, e os praticantes de tais atos, orientados e tratados com providências devidas. Agora, quando falamos de homossexualidade, trata-se de uma das formas que os seres tem de se relacionar, um dos modos de viver a afetividade e a sexualidade que, em princípio, nada tem a ver com a questão acima.
Os estudos de Luiz Mott, André Musskopf, Maria Berenice Dias, William Cesar Castilho Pereira (Antropologia, Teologia, Direito, Psicologia), entre tantos outros, têm auxiliado na compreensão do que seja a característica humana (e de outros seres) da homossexualidade. Fomos educados por uma sociedade cristã-ocidental dualista, branca, patriarcal, sexista e heteronormativa. Todavia, informar-se, aprender e respeitar são modos possíveis de desfazer preconceitos, atitudes e discursos homofóbicos - que também podem ser considerados atentados contra a vida.
7 de novembro de 2011
6 de novembro de 2011
5 de novembro de 2011
A pele que habito... lobo em pele de cordeiro
A impecabilidade almodovariana segue na medida certa do cinema não convencional, desta vez transitando entre a epiderme, a derme e a hipoderme.
As mínimas coisas que escolhemos fazer ou deixar de fazer, acarretam consequências previsíveis ou sequer imagináveis. Uma hora, um local, uma pessoa, certos ou errados, desencadeiam fatos que podem tecer diferentes rumos para uma trajetória. Assim é a vida, assim é trama almodovariana.
Sem nem passar perto do equívoco dualista "habitar um corpo", o enredo desfia o drama de um corpo-sujeito revestido por uma pele estranha. Experiência desoladora a de ter uma aparência exuberante que não lhe pertence. Vivência desconcertante o corpo estar revestido de uma pele que não é a sua.
Como entender a própria identidade quando, da aparência desta, restam apenas os olhos assustados?
O que nossa aparência pode dizer daquilo que realmente somos (ou somos forçados a ser)?
A quantas camadas de pele está nossa identidade?
O encontro de cores orquestrado por Almodóvar revela a delicadeza de um olhar sensível em encantar, motivar e questionar outros olhares. Os personagens hediondos, as mulheres incríveis, os gêneros duvidosos, os enquadramentos excêntricos, as situações polêmicas, tudo bricolado com a picardia ardilosa do "Pedrinho", o menino cineasta que constrói travessuras belíssimas em forma de imagens.
Para quem nunca duvidou da própria pele, convém se enxergar direito, depois de uma dose do elixir imagético do diretor Pedro Almodóvar. Nem precisa ser bom entendedor, as perguntas transpiram pelos poros involuntariamente.
"A pele que habito" (2011) pode deixar nossa indignação, ética, medos, emoções e preconceitos à flor da pele, como se as imagens nos tocassem causando arrepios e lágrimas bem no suspiro final, quando voltar para os braços da mãe pode (re)significar tudo.
Imagens capturadas aqui.
4 de novembro de 2011
Com a Capa e a Coragem
3 de novembro de 2011
O Palhaço... ventilando risos e dores
Nas poeirentas estrados do interior de Minas Gerais, diante de canavieiros apegados ao labor, a esperança passa montada na caravana de uma trupe circense. Assim, as belas imagens do filme "O Palhaço" (2011), dirigido por Selton Mello, sopram ventos de dramas, risos, silêncios e doçuras no picadeiro de nossa imaginação.
O gato bebe leite.
O rato come queijo.
Eu sou palhaço.
E você?
Sem tantas acrobacias, a simplicidade dessas palavras afronta as posturas cômodas em relação à identidade. Questionam metaforicamente acerca do que significa ter a identidade na mão. O documento verdinho e aquilo que identifica nosso ser no mundo que, por vezes parece complexo de conceituar, mas se nota no corpo, no que se faz, se diz, se expressa e que é de tantas cores.
Eu faço o povo rir.
Mas quem vai me fazer rir?
A vida artística itinerante evidencia, além dos risos e aplausos, certas ventanias que ameaçam as certezas da realização pessoal. Caso não se esteja seguro daquilo que se é, projetos e sonhos podem esmorecer. A magia do circo é tão humana fora do picadeiro.
A ternura de um pai que vê e ouve sem demonstrar que está olhando e escutando, instiga a saudade de casa, de aconchego, de proteção. Dá vontade de ser filho pra sempre. De pedir a benção antes de dormir. De ajudar nas tarefas cotidianas. De voltar pra casa e ser recebido com abraço apertado e lágrimas. De sentir de novo a brisa do lar.
Não se nasce com a identidade de artista. Talento não é dom que cai do céu. Ser artista é aprendizado, trabalho, esforço cotidiano, cansaços, aplausos, vaias e alegrias que se misturam ao longo da trajetória de cada um. A vida, a identidade, precisam ser constantemente ventiladas...
Imagens capturadas aqui.
2 de novembro de 2011
corpos que findam
E se a morte não fosse um vale de lágrimas?
E se o luto fosse sinônimo de festa?
Seríamos considerados loucos pela moral cristã-ocidental ou apenas diferentes, como os hermanos mexicanos?
Mas talvez pior que lamentar a perda dos que morrem, que é um sentimento sublime de seres que amam, é viver acreditando que "dentro de nós vive um ser".
Como assim? Se isso procede: quem sou eu? quem é o "ser"? e o corpo, é apenas um recipiente, uma casa, uma prisão? Que bobajada é essa?
Admiro o respeito com que os corpos mortos são tratados na cultura, fé, tradição em que fui educado. Mesmo que seja algo pesaroso, pois também é amoroso. E o pretinho básico até que cai bem.
Os corpos vivos também merecem o mesmo amor, pois corpo é o que somos. Se consideramos o corpo como uma coisa, não como a pessoa, então toda injustiça, violência e preconceito investidos contra ele são justificáveis. Afinal é uma coisa, não uma pessoa. É mesmo?
Não temos corpo como se tem uma casa, uma roupa, um copo. Somos corpos inseridos na cadeia evolutiva da vida. Até podemos imaginar um depois, mas demarcar espaços transcendentais, outras vidas, ou, que dentro de nós habita um ser soa quase como uma tragada além da conta no cachimbo da paz.
Embora seja triste assumir, morrer faz parte do ciclo da vida. Somos corpos que nascem, crescem, se reproduzem (ou não), amam, odeiam, erram, acertam e morrem. Somos corpos que findam e que deixam rastos no mundo, marcas em outros corpos.
Imagem capturada aqui.
1 de novembro de 2011
um por um
Os dias vão trocando de lugar entre si em cadência crescente e nós nos movemos dentro deles, passando por coisas, pessoas, momentos. Alternando situações, sentimentos, lembranças, esquecimentos.
Os acontecimentos vão sedimentando uma existência que leva o sabor das nossas escolhas. A degustação é cotidiana: picante, sem sal, gostosa, doce, amarga, azeda... Não importa, pois tem de ser provada constantemente.
O corpo eterniza as marcas daquilo que lhe é significativo. Sem rodeios e com a petulância que lhes é característica, tais marcas emergem e submergem conforme alguns trechos do dia a dia assaltam-lhes em seu sono na cama da memória.
E desse modo, embora sejamos seres relacionais, é nas clausuras subjetivas, de cara com a solidão, que juntamos os pedaços de vida, bricolamos desejos, saudades e perspectivas para tecer a constância do existir.
Todos os pedaços... Um por um, como diz a canção...
Imagem capturada aqui.
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